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Qual será o impacto do tarifaço para pequenos e médios empreendedores?

Notícias 20 de agosto de 2025

Artigo publicado no Estado de S.Paulo 

Por Alfredo Cotait Neto 

Se engana quem pensa que o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos será apenas para grandes empresários da cadeia produtiva brasileira. As consequências para eles serão enormes e desastrosas, claro, mas os pequenos e médios empreendedores também estão diante de uma situação crítica, com o anúncio da taxação de 50%. 

O Brasil tem hoje mais de duas mil pequenas e médias empresas que exportam para os EUA, com vendas em torno de US$ 500 milhões por ano. Valor pequeno se comparado com o dos grandes empresários, mas relevante quando pensamos em geração de emprego. Esses empreendedores não podem ficar desassistidos. Têm cadeia produtiva específica e alto nível de exigência, focada no mercado americano. Investiram muito para ampliar o comércio para o exterior e necessitam de apoio. 

O governo está certo em se preocupar prioritariamente com as grandes empresas que exportam os principais produtos, como café, carne, aço e laranja. Mas a solução que se busca precisa lembrar desse outro grupo, hoje responsável por 65% dos empregos e que mantém a economia girando. E eles têm uma menor possibilidade de alteração na linha de produção. Como as exportações aos EUA foram taxadas, e se o tarifaço se mantiver, muitos empreendimentos poderão deixar de existir, aumentando o desemprego. 

A solução passa por diálogo e diplomacia. Afinal, negociar faz parte do DNA brasileiro. Nesse momento crítico, não pode ser diferente. É preciso que o governo federal assuma a liderança do processo de forma técnica para que o viés político fique de lado. O tema é econômico e as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos completaram 200 anos em 2024. Isso não pode ser esquecido. 

A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) defende que as negociações continuem, pois, como ocorreram alterações nas alíquotas de exportação para alguns setores, abre-se a oportunidade para que demais segmentos econômicos possam ser beneficiados. O cenário revela que as micro e pequenas empresas continuam vulneráveis, mesmo com as medidas governamentais anunciadas. 

A reciprocidade não é uma alternativa que vá gerar resultados. Pelo contrário, a retaliação trará mais perturbação para o ambiente econômico doméstico, já tão problemático. O contexto é bem ruim: alta da inflação e da taxa de juros, sem falar no déficit, consequência direta da gastança do dinheiro público. 

Nesse momento de preocupação comercial, são os atores diplomáticos que podem conseguir evitar um rompimento com um dos nossos principais mercados. Sabedoria é a palavra do momento. Que todos saibam usá-la em prol dos pequenos, médios e grandes empreendedores. 

Alfredo Cotait Neto é presidente da CACB e da Facesp 

Fonte:

https://www.estadao.com.br/economia/impacto-tarifaco-pequenos-medios-empreendedores/?srsltid=AfmBOoo-8SZxlIL1Din1deAch2rJeh-W0zslofdMTlDjGyFUWsmo8XQI

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