
Do Diário do Comércio
Empreender no digital, viver no real. Tendo esse equilíbrio como norte, o 6º Encontro Liberdade Para Empreender, do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), reuniu nesta terça-feira, 25/11, mais de 1,5 mil mulheres para uma jornada de networking, inovação e fortalecimento do empreendedorismo feminino, na sede do Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo.
Ao abrir o evento, Ana Claudia Badra Cotait, presidente do CMEC, reafirmou a capilaridade e o propósito da organização como um importante catalisador para a força empresarial feminina do país ao conectar lideranças e apresentar caminhos para que mulheres transformem desafios em oportunidades.
Com presença em mais de 950 conselhos espalhados pelo Brasil e atuando de forma voluntária, Ana Claudia aponta que, à medida que a presença feminina em posições de alto escalão cresce, também aumenta o reconhecimento da importância da liderança feminina como essencial para a inovação nos negócios.
"Sustentamos a geração de empregos e é essa energia do impacto social que impulsiona o CMEC a ampliar as possibilidades de uma família, de uma comunidade e de todo um país por meio de mulheres. Acredito de forma inabalável na liberdade de inovar. Queremos construir oportunidades onde só enxergam desafios", disse.
Em sua fala, Roberto Mateus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), destacou que a liderança feminina se diferencia justamente pela capacidade de um gerenciamento efetivo da carga de trabalho e no enfrentamento de desafios, tanto profissionais quanto pessoais, criando um ambiente de trabalho em que o bem-estar das equipes é priorizado.
Para Ordine, o Liberdade Para Empreender é uma influência muito positiva em direção à igualdade de gênero, inovação, diversidade e sustentabilidade nas organizações, trazendo novas perspectivas e abordagens para a tomada de decisão estratégica.
"Acompanho a trajetória do CMEC desde a sua fundação e, hoje, vejo que as empreendedoras podem ser consideradas como a chave para destravar o potencial do país", disse. “O Brasil vive um momento difícil, mas a solução pode estar na mulher empreendedora e no poder que ela tem de conduzir o Brasil a um lugar livre e digno."
Já Alfredo Cotait Neto, presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da CACB, ressaltou que as mulheres representam a base da nova economia e, mesmo responsáveis por muita inovação, ainda enfrentam acesso limitado ao financiamento, sofrem com a sobrecarga de responsabilidades domésticas e estereótipos de gênero enraizados na sociedade - obstáculos que, segundo ele, podem ser melhor enfrentados de forma coletiva.
"As mulheres empreendedoras movimentam a economia, geram empregos e inspiram outras a acreditarem no próprio potencial. O CMEC representa a maior rede de mulheres independentes deste país e a força que, especialmente, as MEIs representam, nos mostra que o mundo mudou. E o mundo é do empreendedorismo. Por isso, é preciso ter liberdade para fazê-lo", disse.
Alessandra Andrade, presidente da SP Negócios (agência de promoção de investimentos da cidade de São Paulo), abordou uma visão estratégica sobre a inserção da mulher no meio empresarial e nas políticas públicas. Segundo ela, as iniciativas que buscam impulsionar o empreendedorismo feminino precisam ir além de oferecer conhecimentos técnicos. Entre as iniciativas do poder público municipal e estadual para apoiar as mulheres empreendedoras que Alessandra destaca estão as seguintes ações:
- Desenvolve Mulher: programa estadual que oferece linhas de crédito para micro, pequenas e médias empresas administradas por mulheres;
- Empreenda Mulher do Banco do Povo Paulista (BPP): parceria entre o Governo do Estado e os municípios paulistas, envolvendo microcrédito produtivo, para apoiar as pequenas empreendedoras formais e informais;
- Programa Mais Mulheres: iniciativa da Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE SAMPA) que oferece curso de gestão em um modelo de pré-aceleração voltado para negócios geridos por mulheres.
Nesse sentido, Alessandra indica que a Prefeitura de São Paulo também tem desenvolvido alguns programas para ampliar o acesso de crianças à escola e ampliar o ensino integral, contribuindo para o empreendedorismo feminino. Além de uma jornada de até 10 horas - das 7h às 17h - para crianças de 0 a 3 anos, há também transporte escolar gratuito para crianças que moram a mais de 1,5 quilômetro da creche e o programa Recreio nas Férias, que acontece nos períodos de férias escolares de 0 a 14 anos.
Ao destacar São Paulo como um polo atrativo que não perde negócios, Alessandra revelou que a capital paulista terá em seu calendário oficial três novos eventos a partir de 2026:
- SP Innovation Week, em maio;
- SP2B, em agosto de 2026;
- GITEX Global, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, em março de 2027.
"A cidade de São Paulo acolhe e está preparada para receber as empreendedoras do Brasil todo. São Paulo é formada pelo Brasil todo e queremos que as mulheres façam parte disso", disse.
Ao subir ao palco, Gilberto Kassab, Secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, ressaltou que, mesmo com vitórias, os desafios no universo feminino ainda são muitos. Dando destaque à falta de representação e baixa participação das mulheres na política, ele afirmou acreditar que na próxima eleição a Câmara dos Deputados atinja o número de pelo menos 150 deputadas eleitas - hoje, são menos de 100 neste posto, sendo que 513 deputados compõem a casa legislativa.
"Não temos mais espectadoras. Estamos perto de ver um Congresso com mais mulheres, assim como vejo um avanço significativo no mundo dos negócios com mulheres muito qualificadas, com visão e vocação para liderança. A CACB e o CMEC tiveram muita visão em abrir esse espaço para as mulheres", disse Kassab.
Abordando temas como tecnologia, tributos e comunicação, o evento, conduzido por Ana Claudia, contou com a presença de nomes como Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e presidente do grupo Mulheres do Brasil; Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels; e Sônia Hess, ex-presidente da Dudalina, vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil e fundadora do fundo Donas de Mim.